Especialista diz que médico é culpado pela morte de Michael Jackson

 

Um cardiologista colaborador do Medical Board da Califórnia, o órgão que regula a prática da medicina no Estado, afirmou nesta quarta-feira (12) que o médico Conrad Murray foi o responsável pela morte de Michael Jackson por cometer sérias negligências.

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O médico Alon Steinberg foi ouvido na sessão na Corte Superior do condado de Los Angeles, onde Murray enfrenta acusação de homicídio culposo (sem intenção de matar) pela morte do rei do pop. Ele pode ser condenado a quatro anos de prisão.

Michael Jackson morreu em 25 de junho de 2009, vítima de uma overdose de remédios, especialmente pelos efeitos do anestésico hospitalar propofol, que Murray dava ao cantor para combater a insônia.

Steinberg, que tentou criar empatia com o júri, defendeu com veemência sua tese de que o médico particular de Michael foi o responsável pelo que ocorreu com o artista.

  Robyn Beck/Associated Press  
O cardiologista Alon Steinber, que testemunhou nesta quarta (12)
O cardiologista Alon Steinber, que testemunhou nesta quarta (12)

"Se Conrad Murray não tivesse desviado os padrões médicos de seis maneiras diferentes Michael Jackson estaria vivo", garantiu Steinberg, para quem o primeiro erro cometido por Murray foi administrar propofol ao cantor.

"Nunca ouvi falar de nenhum médico que usasse propofol para tratar insônia, isso é uma grave negligência" apontou Steinberg, que culpou Murray também de não ter o equipamento necessário para controlar o estado do paciente nem para atendê-lo corretamente em caso de complicações.

A testemunha recriminou o médico por se ausentar do quarto e deixar o paciente sedado sozinho, o que considerou equivalente a deixar um bebê sozinho.

Steinberg considerou que Murray se equivocou ainda na hora de atender o cantor quando se deu conta de que algo não estava bem.

"Ele não seguiu os protocolos. É estranho um médico não ligar para o 911 (telefone de emergência nos Estados Unidos). É um conhecimento básico. Em vez disso, ele chamou o assistente de Michael", disse. Steinberg acrescentou que Murray também não soube fazer de forma correta a reanimação do artista.

O depoimento de Steinberg, muito duro com o acusado, aconteceu no mesmo dia em que os advogados de Murray voltaram atrás na teoria de que Michael Jackson poderia ter morrido ao beber propofol quando o médico estava ausente, como especularam durante o processo.

A retratação aconteceu depois que um relatório independente encomendado pela defesa concluiu que a ingestão do anestésico não teria provocado efeito letal, apesar de os advogados cogitarem que Michael tenha injetado propofol em si mesmo devido ao fato de ser viciado em remédios.

A Promotoria considera que Murray administrou a Michael Jackson a dose de medicamento que o matou e posteriormente tentou esconder as provas do ocorrido.

Está previsto que o julgamento se estenda até o fim de outubro.